O documentarismo feminino no Brasil

#Dica – Artigo – Documentaristas brasileiras e as vozes feminina e masculina, de Karla Holanda

por Juliana Gusman

No contexto efervescente no Cinema Novo, em que se celebrava nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Paulo César Saraceni, despontava, também, uma jovem cineasta de apenas 26 anos, que mal sabia que seria uma das mais importantes figuras do documentarismo feminino – e feminista – brasileiro. Pioneiramente, Helena Solberg lançou, em 1966, o curta-metragem documental A entrevista, que procura debater o papel da mulher na sociedade a partir dos depoimentos de jovens de 19 a 27 anos. Em voz over, elas discorrem sobre temas como sexo, casamento, inserção na política e papeis sociais, às vezes de maneira conflitante. O palimpsesto sonoro composto por vozes anônimas é articulado às imagens de uma moça – Glória Solberg, cunhada da diretora – que realiza uma série de atividades cotidianas. As mulheres, no trabalho de Solberg, deixam de ser objeto do olhar voyeurístico do espectador para tornarem-se sujeitos de discurso. A verve emancipatória também assinalou outros trabalhos da realizadora, como The Emerging Woman (A Nova Mulher, 1974), The Double Day (A Dupla Jornada, 1975) Simplesmente Jenny (1977) e, inclusive, sua produção mais recente, Meu Corpo, Minha Vida (2017). 

A obra da cineasta é tema do artigo Helena Solberg: entre o pessoal e o político, de autoria da professora Karla Holanda, do curso de Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. O texto foi publicado no dossiê Cinema e Escritas de Si, da revista científica Devires, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG. Além de discutir A entrevista, a pesquisadora debate, também, a obra Carmem Miranda: Banana is My Business (1994), longa-metragem sobre a vida da musa tropical dos anos 1930. Para Holanda, Solberg busca reafirmar, com seu cinema, a grande máxima do movimento feminista do século XX: “o pessoal é político”. Este lema, assim como o trabalho de Solberg, continuam a ecoar nas lutas das mulheres do nosso tempo. 

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