CURSO

ALGUNS FILMES E SUAS FORMAS DE (RE)LUZIREM A VIDA

12/04/2022 a 17/05/2022 | terças e quintas | 19:00 às 22:30

AULA INAUGURAL GRATUITA: 05/04 19H

Ementa: Do hibridismo de alguns documentários às recomposições propostas pela ficção, o curso percorre algumas obras de diretoras e diretores, de tempos diversos e abordagens variadas, para propor diálogos, trocas, sem o intuito de atingir somente um público específico. A ideia é dialogarmos sobre cada obra, o tempo histórico ao qual cada uma foi realizada, suas propostas estéticas, narrativas e de linguagem.

Ursula Rösele é Doutora em Cinema (Belas Artes/UFMG) e Mestre em Comunicação (FAFICH-UFMG). Durante o seu mestrado estudou a performance no documentário contemporâneo (em específico o filme Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho), e no Doutorado estudou a apropriação da imagem videográfica para o cinema, a partir da obra de Michael Haneke. Foi crítica de cinema pela Revista Eletrônica Filmes Polvo – cobriu diversos eventos de cinema, dentre eles as mostras de Tiradentes, Ouro Preto, Forumdoc.bh e o Festival de Cannes (2007-2013). Foi membro da comissão de seleção da Competitiva Brasileira do Forumdoc.bh em 2010, membro do Júri da Competitiva Brasileira do FestcurtasBH em 2011, e comissão de seleção das Competitivas Brasileira e Internacional do FestcurtasBH em 2012, 2013 e 2014. Trabalhou como assessora da Gerência de Cinema da Fundação Clóvis Salgado (BH/MG) entre os anos de 2011 e 2013. Trabalha com produção cultural, tradução, revisão e legendagem. Compôs a coordenação do Lumiar Festival Interamericano de Cinema Universitário (2014, 2016, 2017) e a curadoria do festival (2018). Foi membro da comissão de seleção do Prêmio BDMG Cultural de Curta-Metragem de Baixo Orçamento nos anos 2016 e 2020. Atuou como docente no Centro Universitário UNA (Graduação) de 2013 a 2020. É escritora e publica seus textos no site meusanareagua.com e @meusanareagua.

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Módulo 1:

Clássicos – Formas, Beleza, Sonho e Arte

Neste módulo irei abordar quatro filmes, divididos em dois por aula. Filmes que de diferentes maneiras realizam experiências estéticas que convocam o onírico através de mergulhos na imagem, nas palavras e na relação com a paisagem – o cinema como deleite, a arte como centro. 

La pointe-courte foi o primeiro longa-metragem da cineasta belga Agnès Varda. A diretora foi considerada uma cineasta da rive gauche (margem esquerda) do cinema francês, e uma das precursoras do famoso movimento Nouvelle Vague, visto que nesta obra há uma proposição estética marcada por uma série de aspectos que diretores como Jean-Luc Godard, François Truffaut, dentre outros, defenderiam e realizariam quatro anos mais tarde. Varda efetua uma espécie de hibridismo poético: um casal percorre uma cidade de pescadores, enquanto conversa sobre o futuro de sua relação. De um lado, acompanhamos os amantes absortos em seus dilemas, e de outro, a partir de um registro documental, vemos o vilarejo envolvido em sua essência rotineira. 

Em Morangos Silvestres, um dos grandes clássicos do diretor sueco Ingmar Bergman, acompanhamos as memórias do professor Isak Borg (Victor Sjöström) em uma espécie de road movie filosófico. Em um limiar vida-morte, o diretor expressa de forma lindíssima devaneios acerca da finitude, e estabelece diálogos entre a concretude da vida e o universo dos sonhos.  

Na segunda aula, a crueza do mundo e a arte como utopia são o foco principal. Primeiramente, falarei do filme Noites de Cabíria, do diretor italiano Federico Fellini. Cabíria é uma prostituta que passa por uma série de intempéries, mas não perde a esperança no amor e na vida. Fellini, um diretor que lidou tantas vezes com a pobreza, as misérias do mundo, o onírico e o amor pela arte, convoca sua musa Giulietta Masina a uma de suas maiores odes à arte. 

O polêmico diretor Woody Allen quase desistiu dessa que é uma de suas maiores obras-primas. Em Manhattan, ele declara seu amor à musa-metrópole de seu cinema, e executa um balé idílico pela cidade, convocando a arte e o cinema para este que é um de seus mais românticos filmes. 

Aula 1 – 12/04

La pointe-courte (1955), Agnès Varda 

Morangos Silvestres (Smultronstället, 1957), Ingmar Bergman

Aula 2 – 14/04

Noites de Cabíria (Le Notti di Cabiria, 1957), Federico Fellini

Manhattan (1979), Woody Allen

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Módulo 2:

O Documentário Como Espaço de Reencontro, A Imagem Como Cura Das Arestas Que A Vida Deixa

Neste módulo irei abordar quatro filmes, divididos em dois por aula. Filmes que propõem encontros e reencontros, despedidas, e apaziguam, na imagem e fora dela, feridas políticas e do corpo.

Cabra Marcado para Morrer é, possivelmente, a maior obra-prima da carreira de Eduardo Coutinho. O filme, que inicia pouco antes da Ditadura Militar e só é finalizado após o Golpe, é atravessado pela história brasileira e os rumos de sua política. Ele nasce de uma narrativa ficcional, com atores amadores locais e, devido à intervenção militar e à perda da maioria de seu material bruto (além dos anos que separam o início das filmagens e a busca de Coutinho pelas personagens), o filme se transforma em um documentário que mudaria o rumo de seu cinema e daquelas pessoas.

Em Close-up, o cineasta iraniano Abbas Kiarostami faz uma mistura entre documentário e ficção, típica de seu cinema, e parte de uma notícia pitoresca de jornal, para o registro de um julgamento nada convencional. A partir dele, Kiarostami reconstrói uma situação peculiar que envolve outro grande cineasta do Irã, uma família e um homem simples, apaixonado pelo cinema. 

Nicholas Ray foi considerado pelos franceses da Nouvelle Vague, um dos maiores autores do cinema. É de Jean-Luc Godard a famosa frase “Nicholas Ray é o cinema”. Quando o diretor estava lutando com um câncer em estágio terminal, ele diz ao seu amigo alemão Wim Wenders, de seu desejo de fazerem um filme juntos. O cineasta oscila, com receio de expô-lo em seus momentos finais, mas compreende a ânsia do amigo em ligar a câmera, visto que sua vida era o cinema e enquanto a mantivesse ligada, sua existência se manteria viva.

Um dos últimos filmes da diretora francesa, em As praias de Agnès, a cineasta faz um mergulho metalinguístico em seu cinema e sua história. Ao longo de sua carreira, Varda constantemente realizou obras nas quais certo hibridismo entre o documentário e recursos ficcionais foram presentes. Aqui ela propõe um mergulho ao seu universo e sua maneira de filmar e narrar, compondo paisagens e formas, ao mesmo tempo que revive suas histórias e as conta como se dividíssemos com ela um chá da tarde.

Aula 1 – 19/04

Cabra Marcado para Morrer (1984), Eduardo Coutinho

Close up (1990), Abbas Kiarostami

Aula 2 – 26/04

Um Filme para Nick (Lightning Over Water, 1980), Wim Wenders

As Praias de Agnès (Les plages d´Agnès, 2008), Agnès Varda

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Módulo 3:

Corpos e Temporalidades

Neste módulo irei abordar quatro filmes, divididos em dois por aula. Filmes orientais que marcaram uma estética que alguns teóricos chamaram de “cinema de fluxo”. A exceção geográfica é o filme de Sofia Coppola, que, apesar de ser americano, em muito se assemelha, em forma e ‘intuição’, aos outros três. Nos dois dias essa vertente estética será abordada e refletiremos os modos de exploração dos corpos em cena e das novas explorações de mise-en-scène desses artistas.

No módulo três serão abordados dois filmes nos quais veremos os corpos em cena deambularem em suas dores, temores e desejos, articulando uma espécie de dança cênica. O movimento dos corpos e da câmera pauta uma temporalidade específica e um convite à diegese marcado por outros regimes de linguagem, que não os convencionalmente estabelecidos pelo cinema clássico. 

Na aula 2, seguiremos um caminho similar. Em Millenium Mambo, a protagonista ressignifica um relacionamento tóxico durante a virada do milênio; já em Encontros e Desencontros, dois personagens em um país estrangeiro, se percebem mais pertencentes que no deslocamento das relações distanciadas com seus cônjuges. 

Aula 1 – 28/04

Amor à flor da pele (Fa yeung nin wah, 2001), Wong Kar-wai

Shara (Sharasôju, 2003), Naomi Kawase

Aula 2 – 03/05

Millenium Mambo (Qianxi mànbo, 2001), Hou Hsiao-hsien

Encontros e desencontros (Lost in translation, 2003), Sofia Coppola

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Módulo 4:

Síndromes, Escombros e Devaneios de um Mundo em Autocombustão

Neste módulo irei abordar quatro filmes, divididos em dois por aula. Filmes que, à sua maneira e orientados por diferentes questões e localidades, aportam fraturas do mundo contemporâneo. 

Na primeira aula, trago dois filmes nada convencionais. Em O Buraco, o cineasta taiwanês aborda um cenário distópico que, revisitado nesse momento, é incomodamente realista. A capital de Taiwan, Taipei, é acometida por um tipo de vírus que impõe um isolamento aos seus habitantes. O filme acompanha duas personagens e, a partir de estratégias peculiares típicas do cinema de Ming-liang, insere elementos nada usuais que destoam do naturalismo ora impresso, ora expropriado pelo diretor.

Em Síndromes e um Século, uma das maiores obras do tailandês Apichatpong Weerashetakul, vemos um tempo dilatado, espaços reconfigurados, e uma reflexão aberta de tempos em que se misturam a fé, o budismo, a ciência, a natureza e o cinema. Um cinema nada fácil, mas um cineasta que avassalou a crítica e embriaga o olhar ao nos convocar a uma experiência ímpar de deleite com as imagens, a cena e o tempo.

Em busca da vida registra um percurso, um deslocamento, e o findar de um espaço em detrimento de uma ideia de “progresso”, de uma China em crescimento. Um filme sobre ruínas, desvios e o intuito de um reencontro entre dois personagens que não se veem há um tempo, em meio aos escombros de uma cidade que será tomada por uma hidrelétrica.

Por fim, falarei do premiado Bacurau, longa-metragem brasileiro que ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2019. O filme, visto por muitos como algo premonitório em relação ao Brasil distópico de agora, trafega por uma série de filmografias, o cinema de ação, além de dialogar com o Brasil do cangaço.  

Aula 1 – 05/05

O Buraco (Dong, 1998), Tsai Ming-liang

 Síndromes e um século (Sang sattawat, 2006), Apichatpong Weerashetakul

Aula 2 – 10/05

Em busca da vida (San xia hao ren, 2007), Jia Zhang-ke

Bacurau (2019), Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho

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Módulo 5:

O Cinema de Michael Haneke – Nas Raias da Imagem. Manipulação, Extracampo, o Vídeo e a Violência no Cinema

Neste módulo irei abordar cinco filmes. Eles representam o tema de meu doutorado em Cinema, defendido no ano de 2017, na Escola de Belas Artes – UFMG: “Desvios na imagem: acerca de um cinema sobre controle – um estudo dos filmes O Vídeo de Benny, Violência Gratuita e Caché, de Michael Haneke”.

Acrescentei dois filmes, nos quais o diretor também trabalha o universo midiático e problematiza a banalização da violência no cinema – uma das principais abordagens de seus primeiros filmes para o cinema.  

Utilizando-se de recursos do vídeo (imagem chuviscada, fast foward, rewind, pause, dentre outros), o diretor manipula a imagem, contesta a passividade do espectador e o cinema mainstream. Ao deslocar a violência para o extracampo e esgarçar o tempo do plano, muitas vezes Haneke reconfigura a exploração da violência no cinema, e por essa razão, é um cineasta questionado e considerado um dos mais violentos da contemporaneidade. 

Aula 1 – 12/05

O vídeo de Benny (Benny´s Video, 1992)

71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso (71 Fragmente einer Chronologie des Zufalls, 1994)

Violência Gratuita (Funny Games¸1997)

Aula 2 – 17/05

Código Desconhecido (Code inconnu: Récit incomplet de divers voyages, 2000)

Caché (2005)

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Valores:

MÓDULO AVULSO

R$100,00*

Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
Módulo 4
Módulo 5

PACOTE COMPLETO

R$80,00 para cada módulo.

Condição: fechar o pacote completo

Valor total: R$400,00*

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