#Debate – Resenha do debate sobre o filme ProfanAÇÃO
Por Sarah Cafiero
“Como você se relaciona com pessoas que têm o corpo que você gostaria de ter?” Essa pergunta é a primeira de várias que aparecem no curta-metragem ProfanAÇÃO, dirigido pela cineasta e performer Estela Lapponi. A questão, a priori, leva a uma reflexão sobre os padrões estéticos e a busca pelo corpo perfeito, mas a temática do filme é mais específica.
ProfanAÇÃO trata justamente de corpos: corpos de pessoas com deficiência. E as perguntas são questões enviadas por pessoas sem deficiência: curiosidades decorrentes do contato com uma realidade diferente, mas que causam desconforto ao serem colocadas na presença dessas mesmas pessoas a quem se dirigem.
No debate com a diretora, ela conta o processo de construção do filme, desde a ideia até a concretização, trazendo inovação em linguagem e temática. O curta-metragem, concebido enquanto já nascia, sem um roteiro, mas com base em performances, agrega elementos considerados “extras”, para transformá-los no próprio filme: a acessibilidade deixa de ser um acessório e se torna parte da poesia.
Em relação à temática, o curta trata da apropriação do deficiente do próprio corpo e da profanação desse corpo. O desconforto causado é intencional e tem por objetivo a naturalização da diferença: o início de uma jornada para dissipar o incômodo, tornar familiar.
O filme traz, ainda, elementos de tradições ancestrais em harmonia com elementos futuristas que remetem ao corpo ciborgue. Os detalhes da caracterização dos personagens, como Estela Lapponi explica no debate, tem o fim de ressaltar a deficiência, mostrar onde ela está, e carregam a influência desses tempos tão distintos.
Confira o debate logo abaixo: