#Debate – Resenha do debate sobre os curtas Existo e Par Perfeito
Por Sarah Cafiero
Existo é um curta fictício que narra os acontecimentos em torno da primeira apresentação da drag queen Sophia. Par Perfeito, também uma ficção, conta as vivências de Antônia, que, entrando na adolescência, se depara com questões típicas dessa fase da vida. Se você não gosta de spoilers, corre lá na Cardume e assiste a esses dois curtas maravilhosos. Depois, volta aqui para ver o debate que eles geraram.
Dirigido por Bruno César, Existo nasceu da experiência do diretor na produção do documentário Desmonte: A Arte de Existir, de Larissa Gomes, que também é roteirista e produtora do curta em debate. Thiago, protagonista do Existo, mora com a avó, cristã e homofóbica, que não o acolhe quando o neto é agredido na rua. A sensibilidade na representação dessa violência também é comentada no debate: o filme opta por não reproduzir as cenas de agressão física, mas apenas seu resultado, culminando na crueldade da avó, que se recusa a prestar ajuda e, jogando no lixo o copo usado pelo neto, declara repulsa a ele.
Já Par Perfeito traz questões parecidas de uma forma mais descontraída, inserida num universo infantojuvenil. A diretora Débora Herling explica que o filme é baseado em suas experiências na adolescência, ou em como ela gostaria que houvessem acontecido. O roteiro, segundo ela inicialmente incompreendido, narra o dia a dia de Antônia, os conflitos com a mãe, o apego ao tênis preferido e o primeiro amor: Amanda. O narrador dessa história é um personagem um tanto inusitado: o já referido par de tênis predileto. No debate, o ator Beró conta como foi o processo de dar voz e personalidade a esse ser único e, junto à continuísta Camille Feijó, explica por que o processo é diferente da dublagem.
Mediado por Bruno Carvalho (diretor do Arteiro, que também está na Cardume), o debate passa ainda por diversas outras questões, como a trilha musical, direitos autorais e distribuição. Outro tema é a possibilidade do cinema e da arte em geral de gerar novos entendimentos, colocando o espectador em contato com novas formas de representação, ou mesmo com formas parecidas, mas sob um outro olhar. Confere aí embaixo toda a discussão: