Corpo, espaço e movimento

#Debate – Resenha da sessão com debate especial de videodança

por Sarah Cafiero

Em 29 de abril de 2021, em comemoração ao Dia Internacional da Dança, a Cardume realizou sua primeira sessão de videodança. Foram exibidos os filmes Sandbox, de Diogo Angeli, JANELA43, de Osmar Zampieri, e Materia / Substance,  de Aline Bernardi e Allison Moore. Mediando o debate, a bailarina, coreógrafa e provocadora corporal Verônica Santos e o diretor coreográfico Tuca Pinheiro.

O primeiro filme, Materia / Substance, é fruto de uma residência artística no interior de Minas Gerais, em 2012. A diretora brasileira, Aline Bernardi, conta como o filme expressa sua relação com a natureza e apresenta a dança como linguagem, como forma de comunicação e sintonia com sua parceira canadense, a despeito dos idiomas diferentes. O filme traz o diferencial de ser uma videodança em animação que, se utilizando da técnica do stop motion, destaca o movimento ao desacelerá-lo.

Na mesma linha, mas de forma diferente, Sandbox surgiu de uma pesquisa sobre a relação espaço/movimento. Também em sintonia com a natureza, o filme registra a interação que o bailarino e diretor Diogo Angeli constrói com a areia fina e as pedras no Arco do Sol, no Tocantins, experimentando a paisagem e as sensações por ela incitadas, improvisando o movimento a partir do que o espaço despertava.

JANELA43, o terceiro filme, também traz a locação como elemento determinante na composição da obra. Em oposição aos outros dois, porém, constrói-se num cenário urbano a vários metros de altura, no coração de São Paulo. O roteirista Willy Helm, junto ao diretor Osmar Zampieri, conta a história do grupo Grua, criado em 2003, abalado pela pandemia em 2020 e renascido com o filme, que é um documento do seu reencontro, refletindo o sentimento de prisão do isolamento social.

A oposição entre urbano e rural permeia o debate, assim como entre centro e periferia. Os convidados se empenham em desconstruir esses conceitos e trazer à tona algo frequentemente esquecido: mais importante que nomear  ou catalogar as produções artísticas é reconhecê-las como trabalho. Esse reconhecimento é essencial no sentido de abrir caminho para a criação das políticas públicas que permitem sua realização. Para saber mais, só assistir ao debate aí embaixo. Ah! E os três filmes estão disponíveis para assinantes da Cardume, vale a pena assistir.

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